Diagnosticada com um tumor cerebral raro que retornou após uma cirurgia, a bancária catarinense Sabrina Kuhnen, de 32 anos, passou por um procedimento inovador para combater câncer cerebral no Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba), no Paraná.
A instituição afirma ser a única na América Latina a realizar a chamada "terapia fotodinâmica intraoperatória (TFD) associada ao 5-ALA" (um corante farmacológico, conhecido como ácido 5-aminolevulínico). O objetivo do procedimento, é matar as células cancerosas residuais, que permanecem mesmo após tratamento para remover o câncer principal.
Glioma maligno
Kuhnen sofre de um glioma maligno de alto grau, que atinge aproximadamente 3 a cada 100 mil pessoas, de acordo com a Associação Americana de Neurocirurgiões. Em coma, ela deu entrada no início de 2023 no Hospital INC para uma cirurgia emergencial de retirada do tumor.
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“Só lembro quando acordei e comecei a mexer meus braços, minhas mãos e pernas, e falei para as enfermeiras que aquilo era um milagre", recorda a paciente, em nota. "Eu estava fazendo tudo que alguns médicos tinham dito que eu não voltaria a fazer. Tenho muito orgulho da minha história, que não foi e não está sendo fácil”.
O tumor que afeta a curitibana atinge duas vezes mais homens do que as mulheres, geralmente com mais de 40 anos.O neurocirurgião Ricardo Ramina, chefe do Departamento de Neurocirurgia do INC, cita que o senador americano Ted Kennedy, irmão do ex-presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, também teve esse tipo de tumor, falecendo cerca de oito meses após o diagnóstico. "Essa doença oferece um grande desafio para os médicos que atendem esses pacientes, necessitando de uma equipe multidisciplinar", considera.
Retorno do tumor
Em setembro de 2024, o tumor reapareceu. Kuhnen passou então por um projeto-piloto no hospital, que foi a "TFD associada ao 5-ALA", só que com um diferencial: a utilização de um capacete. Durante cinco dias seguidos, ela tomou o corante 5-ALA e o usou o capacete com um difusor a laser. Esse aparelho gera uma reação fotoquímica com o corante, causando a morte das células residuais do câncer.
O Hospital INC usa o 5-ALA na cirurgia dos gliomas malignos há quase dez anos, aproximando-se de quase mil casos tratados. Já a TFD foi associada a partir de 2022. "A terapia fotodinâmica associada ao 5-ALA tem mostrado realmente uma sobrevida maior do que outros métodos convencionais de tratamento, dando uma nova esperança para muitos pacientes”, destaca Ramina.
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Agora, a paciente deverá realizar tratamentos complementares para ficar mais próxima de uma cura. Mesmo com todo o empenho envolvido no TFD, ainda são necessárias radiação e quimioterapia, conforme pontua o neurocirurgião e pesquisador Erasmo Barros da Silva Jr., coordenador da Divisão de Neuro-oncologia do INC.
“Precisamos oferecer as melhores possibilidades de tratamento continuadamente, respeitando o método científico e a ética médica", afirma o médico. "O papel da TFD é favorecer os tratamentos que vierem depois, atrasando ao máximo a recidiva da doença", esclarece.
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